quinta-feira, 14 de julho de 2016

Expedição Caraú Comemorativa - 8 anos (2008-2016) 2º dia


[segundo dia - seg 11 jul]
Expedição Caraú Comemorativa - 8 anos (2008-2016)
com a participação de: Jack, Marina Luna e a cadela Cherepina
Por estar localizado no alto de um morro, do Campo Alfa é possível apreciar bem a visão seja do pôr do sol que do raiar do dia. Contudo, o amanhecer à beira do rio Caraú, pela nossa humilde opinião, talvez seja o momento mais sugestivo do dia.
Os primeiros sinais do surgir do dia tingem o céu de cores que vão do roxo ao laranja. De repente, o Sol aparece atrás de uma serra não muito longe da margem do rio. Tudo ao redor tinge-se da cor laranja irradiada pelo astro. Por alguns minutos, o espelho de água do rio Caraú reluz da cor de ouro. Fora o canto de algum passarinho, o silencio é absoluto.
Naquela segunda-feira, acordei quando as primeiras luzes rasgaram o céu escuro, mas não me levantei da rede. Feliz da vida por estar num lugar desse, fechei os olhos e continuei a dormir.
Acordei de novo à sete horas e me levantei. Acendi o fogo e tomei meu primeiro café com um pouco de arroz do jantar requentado e uma fatia de queijo coalho assada.
Como Marina Luna gosta muito de dormir, ultimamente, decidi dedicar esse segundo dia de expedição à preguiça total. Cherepina logo aprovou a ideia, com um sonoro suspiro.
Confortavelmente sentado na poltrona de viagem, tomei meu segundo café, anotando no caderninho os fatos do dia anterior.
De repente, percebi que uma pequena canoa verde, com dois pescadores, tinha entrado no meu campo de visão. Peguei um dinheiro trocado, trazido por esta eventualidade, apanhei chapéu e óculos de sol e fui andando até a margem. No meio do caminho, agitei o chapéu com o braço erguido e gritei, "Tem peixe aí?". Os pescadores anuíram e remaram em direção à margem. Das duas tilápias que tinham pescado, uma parecia ser perfeita para nosso almoço.
Um dos pescadores era meu conhecido; o outro disse que já tinha visto minhas canoas navegando pra cima e pra baixo pelo rio Assu e seus afluentes. Expliquei, como sempre faço, que por ser de cores brilhantes e feição diferente, minhas canoas se reconhecem de longe, bem longe.
Tratei logo o peixe na ribeira do córrego, depois voltei pra sombra do acampamento.
Marina Luna, enfim acordada, estava comendo umas frutas. Como o peixe era grande, tive que corta-lo no meio para caber na panela. Pela mesma razão, dispensamos o arroz no almoço e comemos apenas o peixe ensopado com os legumes.
Depois de deliciar-nos com o rango, passamos as horas mais quentes da tarde nas redes, armadas uma perto da outra, conversando de mil assuntos diferentes. Quando deu umas quatro horas, lanchamos e depois fomos caminhando até o pontal, onde tomamos um bom banho refrescante.
Na hora do pôr do sol, abastecidos de água potável, subimos de volta ao acampamento.
O Campo Alfa é um rancho de pescadores em desuso. Desde 2011, quando a barragem sangrou pela última vez, o oásis verde no alto de um lajedo, foi se afastando sempre mais da margem do rio. Em 2008, fundeamos nossa canoa a uns trinta metros de distancia; oito anos depois, a canoa ficou no córrego que dista mais de duzentos metros do acampamento.
Cherepina, cansada mas feliz de tanto correr e pular pra cá e pra lá, logo deitou no lugar que desde o dia anterior tinha escolhido para si e não se levantou mais por um pedaço.
O jantar da segunda noite foi parecido com o da primeira: risotto de grãos integrais com legumes, mais um bife de carne de sol, alto um dedo, assado na brasa, para a filhota.
A meia lua crescente, no alto do céu, iluminou, parcialmente filtrada pelas folhas das arvores, nossa conversa nas redes, até que cedemos ao cansaço e dormimos.
Ao longo do dia inteiro passado no Campo Alfa, registramos apenas o barulho longínquo do motor de uma canoa, de manhã, e de uma motocicleta, à tarde. Nada mais.

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