terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Preservação da vegetação nativa da Caatinga


A vegetação nativa é o habitat do homem primitivo. Com o acúmulo de conhecimento das sociedades ela passou a ser modificada, com o enriquecimento das plantas consideradas úteis e retirada das nocivas, até chegar ao ponto da agricultura com retirada total da vegetação nativa e o cultivo de plantas selecionadas. Este processo foi responsável pelo enorme crescimento da produção de alimentos e de outros produtos vegetais que tem sustentado a crescente massa populacional do globo. Obviamente, foi
visto como um processo desejável até o extremo de serem menosprezadas as áreas cobertas de vegetação nativa, simples 'mato', aguardando a vez de serem trabalhadas. Mas sempre houve uma certa preocupação com a manutenção de áreas de vegetação nativa, por razões que iam desde a utilidade de alguns de seus componentes, como as árvores madeireiras de difícil cultivo, até o desejo de manutenção de áreas de lazer, como os campos de caça das elites de quase todas as sociedades.
Com o aumento exponencial da população no último século, as áreas cobertas de vegetação nativa reduziram-se drasticamente. Começou a surgir, então, um movimento organizado de preservação da vegetação de áreas selecionadas. O objetivo era sobretudo a manutenção de áreas de reconhecida beleza ou raridade da composição da flora e fauna.
Parques, reservas e sítios semelhantes foram criados, principalmente por organizações governamentais, cabendo, portanto, à sociedade como um todo a responsabilidade pela sua manutenção. O retorno à sociedade era o acesso a áreas de lazer e a garantia da preservação de ecossistemas primitivos, incluindo o habitat dos componentes mais atraentes da fauna.
O movimento preservacionista, ou ecológico, cresceu bastante nas últimas décadas. Ele é mais forte nos países mais ricos e nos meios urbanos mas sua ação tem caráter global. Sua meta, em relação à vegetação nativa, expandiu-se para sustar o crescimento das áreas agrícolas e até reverter o processo, retornando a um estado 'primitivo' áreas de agricultura cuja exploração seja considerada 'não sustentável'. Uma das grandes justificativas atuais deste retorno é a preservação da biodiversidade, com a manutenção de espécies vegetais e animais que podem, eventualmente, vir a ser úteis. Farta literatura tem sido produzida sobre o assunto. Entretanto, pouco tem sido discutido sobre as diferentes utilidades da vegetação nativa, quem recolhe os benefícios destas utilidades e quem paga por eles. Esta discussão é essencial para o correto traçado das políticas agrícolas e ambientais. O trabalho de Everardo V.S.B. Sampaio (DEN-UFPE) e Yony Sampaio (DECON-UFPE) pretende contribuir com este debate, dando ênfase à preservação da vegetação de caatinga e formações anexas do semi-árido nordestino.

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