sexta-feira, 22 de julho de 2016

Expedição Caraú Comemorativa - 8 anos (2008-2016) 3º dia


[terceiro dia - ter 12 jul]
Expedição Caraú Comemorativa - 8 anos (2008-2016)
com a participação de: Jack, Marina Luna e a cadela Cherepina
O terceiro e último dia dessa breve expedição em canoa, em companhia de minha filhota, começou bem cedinho pra mim: por volta das quatro e meia, logo antes do amanhecer. Acordei e me levantei ligeiro da rede, já com aquele gostinho de saudade, que às vezes sentimos até antes que algum acontecimento tão bom termine. Sem perder tempo em acender o fogo e preparar o café, peguei a maquina fotográfica e fui andando e batendo fotos até o córrego, onde amarramos a canoa.
O amanhecer, como sempre naquele local, foi sensacional. Após ter tirado uma boa série de fotografias, fui caminhando até o pontal; me despi de toda a roupa de dormir, que ainda estava usando, e tomei um bom banho entre as pedras, onde a água, menos barrenta, fica mais transparente.
Apesar de não proporcionar todos os saudáveis benefícios de uma sessão de talassoterapia nas piscinas naturais, um bom banho de rio, de manhã cedo, é altamente revigorante.
Como não tinha levado comigo uma toalha, sequei o corpo com meu poncho vermelho, feito com um cobertor de avião. Ainda fiquei uns quinze minutos sentado numa pedra, pensando nas coisas da vida; depois, voltei lentamente pro acampamento, sempre acompanhado pela fiel cadela, Cherepina, que aparentemente gostou muito de ter participado dessa expedição.
Rapidamente acendi o fogo e depois acordei Marina Luna. Preparei um café da manhã reforçado, para garantir-nos uma boa dose de energia durante as horas de remada. Para Marina Luna, que gosta tanto, assei um bife de carne de sol também.
Como julho e agosto são meses de ventos fortes no Vale do Assu, principalmente pela parte da tarde, decidimos concentrar a remada nas horas matutinas, parar por uns lanches no meio do caminho, e deixar a preparação de uma refeição importante para a chegada à Base Igaruana.
Terminado de consumir nosso café da manhã reforçado, descemos até o córrego com a maior parte de nossas bagagens. Deixada Marina Luna a escovar os dentes e apreciar o panorama, voltei andando até o Campo Alfa para pegar as últimas coisas e conferir que não estivéssemos esquecendo alguma coisa.
Alguns dos lugares escolhidos para acampar durante nossas aventuras são tão remotos que ninguém passa por lá, fora alguma cabra perdida. Uma vez, esquecemos uma bela grelha de ferro num lugar onde a gente raramente ia bater, o Campo F, nas cabeceiras do rio Colônia, depois da ilha Timbaúba. Mais de seis meses depois, voltamos ao local e encontramos a grelha onde a tínhamos ingenuamente abandonada: acima das pedras que usamos para fazer o fogo. De passagem pelo Sítio Mutamba, em outra ocasião, o finado Zezinho, que andava caçando por todas aquelas bandas, me contou que viu a grelha e pensou: "Só pode ter sido aquele italiano maluco que a deixou aqui", e não mexeu nela confiante em minha volta.
Arrumado todo o equipamento na canoa, com um cantil cheio de água por baixo de cada banco, finalmente zarpamos do Campo Alfa em nossa remada de volta ao Sítio Araras. Curtimos por alguns minutos o "silêncio da natureza", depois combinamos nosso itinerário e começamos a remar charlando disso e daquilo.
Ao sair do córrego, dobrado o pontal, recebemos um empurrãozinho favorável do vento, que nos auxiliou no intuito de trocar a margem do rio. Com céu de brigadeiro e brisa favorável, aproveitamos para tirar umas fotos a bordo. De bubuia, todos sorridentes para a câmera, levados pelo vento, de repente nos aproximamos bastante de um escuro rochedo no meio do rio, com algumas pedras menores ao seu redor.
O tempestivo aviso de Marina Luna, que mais uma vez demonstrou ser um proeiro experiente e sempre atento, evitou uma maior aproximação às pedras perigosas.
Atravessamos com nossa canoa, já na margem direita do rio, toda a entrada da lagoa dos Três Pilões, de tamanho bem menor que o habitual, mas ainda assim muito ampla.
Quando chegamos á Ilha E e dobramos à direita, avistamos de longe a silhueta do Sítio Araras, no alto do morro onde a vila ficou sediada pelo DNOCS, que reuniu as moradias de algumas famílias de pescadores da região. Numa das baixas ilhotas, que se formaram no meio do rio, paramos por um lanche.
Antes de voltar a remar, tomamos um banho refrescante todos vestidos, para manter o corpo fresco durante o finalzinho de nossa aventura.
Com o Sítio Araras a poucos quilômetros de distancia, dispensei o auxilio do proeiro, assim Marina Luna pôde sentar-se mais confortavelmente, olhando pra mim, e seguimos devagarzinho, conversando e curtindo o momento.
Quando chegamos nas proximidades do porto das canoas, Marina Luna assumiu de novo seu lugar à proa e me ajudou nas manobras finais. Com duas viagens, canoa e equipamento chegaram no alpendre da Base Igaruana. Enquanto o almoço não ficou pronto, deitamos nas redes por baixo do imbuzeiro. Cherepina, cansada da aventura, foi logo deitar no canto dela e dormiu a maior parte dos dois dias seguintes.

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