terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Seca no sertão


Ao contrário do que muitos pensam, a seca não atinge toda região nordeste. Ela se concentra numa área conhecida como Polígono das Secas. Esta área envolve parte de oito estados nordestinos (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) e parte do norte de Minas Gerais.
 As principais causas da seca do Nordeste são naturais. A região está localizada numa área em que as chuvas ocorrem poucas vezes durante o ano. Esta área recebe pouca influência de massas de ar úmidas e frias vindas do sul. Logo, permanece durante muito tempo, no sertão nordestino, uma massa de ar quente e seca, não gerando precipitações pluviométricas (chuvas).
O desmatamento na região da Zona da Mata também contribui para o aumento da temperatura na região do sertão nordestino.
As características da região são: baixo índice pluviométrico anual (pouca chuva), baixa umidade, clima semi-árido, solo seco e rachado, vegetação com presença de arbustos com galhos retorcidos e poucas folhas (caatinga), temperaturas elevadas em grande parte do ano.
A seca, além de ser um problema climático, é uma situação que gera dificuldades sociais para as pessoas que habitam a região. Com a falta de água, torna-se difícil o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais. Desta forma, a seca provoca a falta de recursos econômicos, gerando fome e miséria no sertão nordestino. Muitas vezes, as pessoas precisam andar durante horas, sob sol e calor forte, para pegar água, muitas vezes suja e contaminada. Com uma alimentação precária e consumo de água de péssima qualidade, os habitantes do sertão nordestino acabam vítimas de varias doenças.
O desemprego nesta região também é muito elevado, provocando o êxodo rural (saída das pessoas do campo em direção as cidades). Muitas habitantes fogem da seca em busca de melhores condições de vida nas cidades.
Estas regiões ficam na dependência de ações públicas assistencialistas que nem sempre funcionam e, mesmo quando funcionam, não geram condições para um desenvolvimento sustentável da região.
A transposição do rio São Francisco é um projeto do governo federal que visa a construção de dois canais (totalizando 700 quilômetros de extensão) para levar a água do "Velho Chico" para regiões semi-áridas do Nordeste. Desta forma, diminuiria o impacto da seca sobre a sofrida população residente, pois facilitaria o desenvolvimento da agricultura na região.
A seca que atingiu o Nordeste desde o começo de 2012, segundo dizem, foi a pior dos últimos 30 anos. A região mais afetada foi principalmente o semiárido dos estados da Bahia, Alagoas e Piauí, que sofreram muito com a falta de chuvas. A seca trouxe muito prejuízo para as principais fontes de renda da região: pecuária e agricultura de milho e feijão.
Tambèm o Vale do Assu, teatro das expedições Igaruana, sofreu bastante nesta época de severa estiagem. As ultimas chuvas boas na região são datadas Junho de 2011 e o nível do Açude Armando Gonçalves Ribeiro baixou muito. Naturalmente, o nível do rio/açude baixou bastante também porque em proximidade da barragem existe uma comporta, que constantemente jorra água com força para a perenização do rio Assu até o mar, assim como do local rio Pataxo.
Durante a expedição Lua Cheia em janeiro de 2012, nos maravilhamos com o aspecto muito seco da região; já em junho do mesmo ano, durante outra expedição, percebemos quanto o nível do rio tinha baixado pela grande presença de novos e bonitos rochedos por todo lado: nos declives da costa, ou feito ilhotas no meio das águas.
Durante a expediçao Caatinga em janeiro de 2013, precisamos fundar dois novos campos-base (Q e R, queijo e rato), porque os locais onde habitualmente costumamos acampar distavam muito da beira-rio, dificultando o vai-e-vem de toda a tralha.
Mesmo assim, o Vale do Assu continua interessante e bonito: alias, acabamos conhecendo nestas últimas semanas muitos lugares de rara beleza, há anos cobertos pelas águas do rio/açude. Para as proximas expedições IGARUANA estamos estudando novos itinerarios que incluam justamente também ditos locais recém-descobertos.