quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Exp. Mesopotâmia 7 - Assu a Alto do Rodrigues 5º dia


Expedição Mesopotâmia 7
8 a 13 de agosto de 2019
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5º dia- Segunda
O Anexo do Campo J revelou-se um bom local para dormir e a moita de arbustos espinhentos pouco distante foi uma perfeita barreira natural contra o vento frio da madrugada.
Me levantei às seis, quando uma vaca descida ao pasto veio dar-nos o bom dia. Rolou um demorado café da manhã, sentado na margem do rio, deixando os pensamentos correr soltos por todo lado.
Desarmado o acampamento e carregada toda a tralha na canoa, saímos remando por volta das oito.
A manhã foi caracterizada pela presença constante de ventos irregulares, quase sempre contrários, atrapalhando mais nas largas várzeas e menos onde o rio estreita.
Na sombra de uma oiticica na margem do rio, paramos por aquela pausa breve que a gente sempre dá, uma meia horinha depois de sair do local de pernoite, para confirmar o plano das atividades do dia, com caderninho e GPS na mão.
Passamos por três cercas, que eu já conheço bem: solto umas amarras, passo com a canoa, fecho as amarras de volta e sigo pelo meu caminho, rapidinho. Fácil.
Por volta das dez e meia, passada outra estação de bombeamento (a de Alto do Rodrigues), remei mais um pouquinho até não perceber mais a barulheira das máquinas das bombas e escolhi outra bela arvore na beirada, para aquela parada demorada nas horas mais quentes do dia.
Nessa hora, eu sempre aproveito para limpar e secar bem o fundo da canoa. Com todo o equipamento e a tralha em seu lugar, no meio da canoa, entre os dois bancos maiores, fica um espaço livre maior que 1 m², que eu utilizo como se fosse uma sala de estar, sentando no fundo da canoa e usando os bancos como mesinha e plano de apoio. Tudo fica à portada de mão e o poncho, dobrado em sua bolsa, serve bem como almofada.
Na sombra generosa de uma grande arvore à beira-rio, dá para passar um bom tempo a bordo realizando quase todo tipo de tarefa. Na verdade, não tendo uma opção melhor, organizando direitinho as coisas, dá até para dormir a bordo, deitado no fundo da canoa; ainda não precisei fazer isso, mas já estudei a possibilidade.
Cabeça sofre um pouco nessas nossas aventuras por causa do calor e do reverbero da luz no espelho dágua. Como ela não usa óculos de sol, nem chapéu de palha, numa hora fica com todos os olhos vermelhos. Ela tem local na sombra onde ficar na canoa, mas a bichinha não consegue ficar muito tempo lá, resistindo a tentação de estar no convés de proa, olhando e farejando para todo lado. Assim a solução do problema que adotamos é evitar a navegação nas horas mais quentes. Cumprimentamos de longe uns pescadores na outra margem do rio, que ficaram curiosos pela nossa presença, visto que realmente não se veem muitas canoas rodando ali.
Por volta das três horas, aproveitando talvez o único vento a favor do dia, cruzamos a várzea e seguimos pelo braço principal do rio, já começando a procurar um bom local onde acampar, antes de chegar muito perto da periferia da cidade.
O cheiro forte de carniça e a presença de um montão de urubus me fez descartar um pequeno capão todo verde, que poderia ter dado um bom acampamento, de repente. Mais duas voltas pelo trecho sinuoso do rio e, subitamente, um breve canal lateral ofereceu-se como estacionamento por um reconhecimento do local a pé.
Tem umas arvores grandes, mais encostadas na margem alta do rio, e por baixo de uma delas tem até uns bancos rudimentais de troncos de carnaúba e pedras para acender o fogo. Pensando bem, porém, escolhi duas pequenas arvores baixas encostadas, que vão servir melhor pelo nosso intuito.
Fundamos assim o Campo M (no GPS: MP7 Cmp M). Escutamos cães latir ao longe, mas não avistamos casas nas redondezas, nem luzes por perto, quando escureceu.
Armada a rede, depois do pôr do sol, nem acendi o fogo e pro jantar preparei uma bela salada de todo tipo de fruta e verdura ainda disponível, à qual acrescentei uma lata de sardinhas.
Cansado por ter remado um bocadinho contra vento, logo que deitei na rede, dormi ligeiro

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