terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Birdwatching (Observaçao de Aves) na Caatinga

foto de Jack d'Emilia
O Brasil está entre os três países com as maiores diversidades de aves no mundo, com 1825 espécies, de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO). Esse potencial vem chamando a atenção dos turistas brasileiros e estrangeiros para o birdwatching, prática de observação de aves, no país.
A observação de aves é o passeio de ecoturismo que tem como objetivo observar as aves em seu habitat natural, sem interferir no seu comportamento ou no seu ambiente.
Tal roteiro constitui uma forma legítima de exploração ecoturística das áreas naturais, visto ser uma prática de baixo impacto. O público que procura este tipo de atividade é um público específico que possui alto grau de consciência ambiental, estando atento e adotando seriamente as práticas de mínimo impacto em ambientes naturais.
Ao proporcionar o contato com a natureza, a observação de aves permite testemunhar fatos únicos, emocionantes e ao mesmo tempo delicados da vida das aves, resultando no envolvimento do praticante com a conservação ambiental para proteger aquelas espécies que lhe trazem tanto prazer.
A observação de aves envolve lazer, pesquisa científica, exploração econômica, conservação e educação ambiental das mais diversas formas, tornando-se um tema importante e moderno no atual contexto de desenvolvimento brasileiro.
Considerado o segmento de turismo que mais cresce a cada ano no mundo, o ecoturismo possui diversas modalidades, sempre associadas ao lazer em meio natural e que nao resultam em degradaçao do ambiente visitados ou de suas populaçoes nativas.
A observaçao de aves é considerada um segmento de turismo que para ser viavel depende de ambientes favoraveis à existencia de avifauna.
A observaçao de aves e de vida selvagem em geral é uma atividade relacionada simplesmente à contemplaçao da fauna e nao envolve interaçao com os animais observados, como toca-los ou alimenta-los.

foto de Jack d'Emilia
Os guias de campo e demais livros de ornitologia seguem uma ordem taxonômica para ordenar as aves. Para as pessoas que não têm familiaridade com estes termos, a ordem das aves parece sem sentido, mas cientificamente, ela auxilia o cientista por considerar as semelhanças não apenas morfológicas (cores, tamanho, formato, etc.), mas também as genéticas e fisiológicas.
Os nomes científicos são muito importantes por tornarem as plantas e animais universalmente conhecidos. A língua oficial utilizada é o latim e também o grego, além de termos latinizados. Para nós, falantes da língua portuguesa, entender os nomes científicos torna-se relativamente fácil, visto que nossa língua é derivada do latim, assim como o italiano, francês e espanhol.
Quando se ouve a palavra “caatinga”, acredito que, para a maioria das pessoas que não a conhecem, as primeiras imagens que vêm à mente são tristes cenas de seca, de esqueletos e carcaças de gado ardendo ao sol, de açudes sem água e de um povo pobre, sofrido e faminto.

foto de Tito Rosemberg

No entanto, conhecendo um pouco mais a caatinga, se descobre que há o outro lado da moeda: bastam as primeiras chuvas, no início do período chuvoso, que a paisagem se transforma radicalmente, ficando, então, difícil imaginar que toda a exuberância verde da vegetação desse período, preenchida pela intensa movimentação e sons dos animais que ali vivem, possa um dia desaparecer com a seca, que chegará, invariavelmente, nos próximos meses.
No bioma Caatinga ocorrem diversos tipos vegetacionais, incluindo áreas de cerrado, de campos rupestres, vários encraves de mata atlântica; porém o tipo de vegetação predominante, que dá o nome ao bioma, é a caatinga. Desta forma, a caatinga (escrita com letra minúscula) é um tipo de vegetação, que é primariamente florestal, apesar de também possuir formações mais abertas, campestres, e que é bastante adaptada aos acentuados períodos de estiagem ocorrentes no semiárido brasileiro.
Em meio à extrema variação sazonal, há uma rica fauna, ainda subestimada por ser pouco conhecida em sua totalidade e pelas grandes lacunas de conhecimento sobre sua distribuição, adaptações e interações ecológicas. Com as aves esta situação não é diferente – de todos os biomas brasileiros, a Caatinga ainda é a que tem sua avifauna menos estudada. Até o início da década passada, 510 espécies foram reportadas em todo o bioma, das quais cerca de 350 ocorrem na vegetação de caatinga. No entanto, uma investigação mais recente, a partir de novos estudos e registros, resultou em uma riqueza de 596 espécies de aves apenas na porção baiana do bioma Caatinga!
Apesar de ainda não haver um consenso, se estima que existam cerca de 15 espécies de aves endêmicas desse bioma; dentre elas, duas araras baianas: a arara-azul-de-lear, restrita à região do Raso da Catarina, e a ararinha-azul, considerada extinta na natureza desde 2000 – ainda existem indivíduos vivos em cativeiro, a maioria fora do Brasil. Entretanto, há várias espécies de aves que, apesar de ocorrerem também em outros biomas, são considerados muito típicas da Caatinga, como o carcará, a pomba asa-branca e o assum-preto – o primeiro imortalizado na canção de João  do Vale e as outras duas nas canções de Luiz Gonzaga; no entanto, é considerada a “voz da caatinga” a gralha-cancã, devido à vocalização forte e inconfundível, sempre comum.

foto de Jonathan Green
A avifauna da Caatinga foi historicamente selecionada para poder ser capaz de superar os longos períodos de estiagem. Muitas espécies realizam deslocamentos populacionais durante os períodos de aridez, deixando as áreas secas em busca de recursos em áreas mais úmidas.
Muitas outras espécies, por outro lado, não apresentam esses deslocamentos populacionais, permanecendo sempre na mesma área. Dentre elas, são comuns as espécies de aves que se alimentam de grãos e sementes caídas junto ao solo. A pomba asa-branca, exemplo de uma dessas espécies, é citada na canção de Luiz Gonzaga que, ao narrar um episódio de seca extremamente intensa, diz que “até mesmo a asa-branca bateu asas do sertão”.
Também são encontradas mesmo durante a seca as espécies que se alimentam de insetos, as espécies necrófagas que se valem de cadáveres de animais que sucumbem à seca, e as espécies generalistas, onívoras, que possuem uma grande capacidade de explorar e de se alimentar de diversos tipos de alimento, quer sejam insetos, frutos, grãos ou mesmo pequenos animais.
A caça de subsistência, para obtenção de alimentos, de modo geral tem decrescido, porém ainda é intensa a captura de aves para suprir os mercados ilegais ligados ao tráfico de animais, que é a terceira atividade ilegal que mais movimenta dinheiro no mundo. A captura para o tráfico foi a causa principal da recente extinção da ararinha-azul da natureza.
Para todos os interessados em observaçao de aves, organizamos expedições especificamente projetadas para este fim. Por favor, entre em contato conosco pelo e-mail igaruana.org@gmail.com


foto de Jack d'Emilia