Expedição Mesopotâmia 7
8 a 13 de agosto de 2019
.
3º dia- Sábado
Acordei com os mesmos pensamentos com os quais fui dormir: vai ser fácil, ou difícil, passar pelas duas cercas que me deram um certo trabalho, na aventura anterior a atual?
Logo antes de chegar a Estação de Bombeamento do Baixo Assu, em meados de julho, encontrei duas novas cercas postas de uma margem para outra, num trecho de rio meio estreito e um pouco mais fundo. Quem colocou as cercas, para obter uma estrutura firme e contrastar a correnteza, colocou muitas estacas ; meu deu um certo trabalhinho passar por lá.
Meu temor, no caso, não seria repetir a façanha da outra vez, mas encontrar muito aguapé enroscado na cerca, obstruindo a passagem. Fiquei hipotizando os vários cenários possíveis, a solução para cada um deles e a eventual ferramenta necessária, caso por caso.
Acordei ao amanhecer, muito lindo e frio também. Fiquei na rede, tudo coberto e bem agasalhado até as seis, quando me levantei e acendi o fogo para fazer o café. Sentado num tamborete na frente do fogo, tirei o poncho, uma peça muito valiosa por sua praticidade, que sempre costumo levar em minhas aventuras. Para dormir na rede, numa noite não muito fria, vestir o poncho acima da roupa de dormir já protege a pessoa seja na frente que nas costas.
Na hora de arrumar toda a tralha na canoa, aquele cuidado especial para deixar tudo abaixo da linha das bordas, para facilitar a passagem por baixo das cercas.
Também aprimorei, ultimamente, uma solução para oferecer a Cabeça um convés de proa estável, no qual ela possa pisar, sentar e até deitar, com segurança. Já no mês passado, eu utilizei uma caixa de papelão que encontrei por aí para experimentar a coisa. Desta vez, eu arrumei um papelão maior e mais espesso também, ao qual dei, mais ou menos, a forma da canoa. Com uma lona por cima e umas ligas para manter tudo no local, ficou legal, contudo ainda se possa melhorar.
Às sete e meia, ou pouco mais, saímos do Campo L , deixando tudo arrumadinho para a próxima vez. Remando, cruzamos todo o leito do rio, seguindo o canal principal, que o corta perpendicularmente de uma alta margem para outra. Chegados a outra margem, logo uns cinquenta metros depois, onde o rio desenha um esse por causa de umas pedras, encostamos num recanto bonito, com sombra e pedras para sentar e lanchar; outro local onde é raro a gente não parar.
O trecho de rio que segue é estreito, não muito fundo, com as margens quase todas tomadas pelos típicos baixos arbustos espinhentos de calumbi. Durante nossa aventura anterior, em julho, nesse trecho de rio encontramos uma arvore atravessada de uma margem a outra e tivemos que passar por baixo dela. Dessa vez, não a encontramos. Por alguma razão, isso me fez ter um brilho de otimismo em relação as duas cercas que me preocupavam, contudo não quis pedir demais a minha boa sorte.
E assim, seguimos descendo o rio, apreciando todas suas belezas, até quando percebi estar chegando perto de ditas cercas; as ruínas de uma antiga casa de bombas destacaram-se entre a vegetação ciliar e eu tive a surpresa e a sorte de ver que as duas cercas já não estavam mais esticadas de uma margem para outra. Suponho eu que, pelo visto, um bocado de aguapé foi se acumulando nas cercas e com seu peso arrancou as estacas; arames, estacas e aguapé estavam todos juntos, encostados de um lado.
No começo, eu não quis acreditar e, por causa da fundura e da correnteza que se criam no local, logo encostei e saltei da canoa para chegar de mansinho e ver tudo direito.
Contudo, realmente a passagem estava livre e minha maior preocupação em relação ao itinerário diário esvaiu de improviso da cabeça.
Passados cem metros, fechei os olhos, abri os braços, estiquei todos os dedos das mãos e agradeci por um minuto inteiro todas as forças naturais do universo cósmico por conceder-me tanta harmonia.
Ao reabrir os olhos, vi uma grande arvore na margem, por baixo da qual dar uma bela paradinha e remando fui até lá.
Com Cabeça fomos dar uma caminhada por uma trilha toda na sombra que nos levou até três arvores gigantes, com troncos muito antigos, por baixo das quais paramos um pouco. Por outro caminho, voltamos até a margem e pela beirada voltamos à canoa. Fizemos um pequeno lanche e voltamos a remar para passar pela Estação de Bombeamento antes da parada longa das horas quentes do dia.
Realizada a breve portagem para evitar a pequena queda d'água, parei um pouco para conversar com um funcionário da estação e lhe dei um dos meus livrinhos como lembrança. Segui até outro canto, onde a gente sempre gosta de parar e amarrei bem a canoa para passar lá umas horas. Muitas arvores de médio porte garantem uma ampla área sombreada.
Pro almoço, feliz da vida, me dediquei a preparar uma bela salada, com tomate, cenoura, coentro, repolho, cebola, alho, gengibre, limão, azeite de oliva e sardinha.
Depois de comer, para não ficar com preguiça, fomos dar uma caminhada, sempre toda pela sombra. Cabeça aprecia muito essas voltinhas que a gente dá por aí; fica fuçando tudo o tempo inteiro e correndo pra cá e pra lá.
Quando deu umas três e meia, saímos remando e logo encaramos, na várzea das algas dreadlocks, um quarto de hora de vento forte contrário. Depois que o vento baixou, seguimos remando sem muita dificuldade; o rio estreitou de novo, mais uns quilômetros e passamos também pela ponte de Carnaubais, com passagem livre, mas já com um pouco de aguapé começando a acumular-se num canto.
É a partir dessa ponte, até Pendências, que o rio Assu é popularmente chamado também de rio dos Cavalos.
Seiscentos metros à frente, está o Campo I, outro local para acampar fantástico. Armado o acampamento, coloquei o jantar no fogo, troquei a roupa molhada por roupa seca, comi, deitei, pensei um pouco e dormi.
8 a 13 de agosto de 2019
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3º dia- Sábado
Acordei com os mesmos pensamentos com os quais fui dormir: vai ser fácil, ou difícil, passar pelas duas cercas que me deram um certo trabalho, na aventura anterior a atual?
Logo antes de chegar a Estação de Bombeamento do Baixo Assu, em meados de julho, encontrei duas novas cercas postas de uma margem para outra, num trecho de rio meio estreito e um pouco mais fundo. Quem colocou as cercas, para obter uma estrutura firme e contrastar a correnteza, colocou muitas estacas ; meu deu um certo trabalhinho passar por lá.
Meu temor, no caso, não seria repetir a façanha da outra vez, mas encontrar muito aguapé enroscado na cerca, obstruindo a passagem. Fiquei hipotizando os vários cenários possíveis, a solução para cada um deles e a eventual ferramenta necessária, caso por caso.
Acordei ao amanhecer, muito lindo e frio também. Fiquei na rede, tudo coberto e bem agasalhado até as seis, quando me levantei e acendi o fogo para fazer o café. Sentado num tamborete na frente do fogo, tirei o poncho, uma peça muito valiosa por sua praticidade, que sempre costumo levar em minhas aventuras. Para dormir na rede, numa noite não muito fria, vestir o poncho acima da roupa de dormir já protege a pessoa seja na frente que nas costas.
Na hora de arrumar toda a tralha na canoa, aquele cuidado especial para deixar tudo abaixo da linha das bordas, para facilitar a passagem por baixo das cercas.
Também aprimorei, ultimamente, uma solução para oferecer a Cabeça um convés de proa estável, no qual ela possa pisar, sentar e até deitar, com segurança. Já no mês passado, eu utilizei uma caixa de papelão que encontrei por aí para experimentar a coisa. Desta vez, eu arrumei um papelão maior e mais espesso também, ao qual dei, mais ou menos, a forma da canoa. Com uma lona por cima e umas ligas para manter tudo no local, ficou legal, contudo ainda se possa melhorar.
Às sete e meia, ou pouco mais, saímos do Campo L , deixando tudo arrumadinho para a próxima vez. Remando, cruzamos todo o leito do rio, seguindo o canal principal, que o corta perpendicularmente de uma alta margem para outra. Chegados a outra margem, logo uns cinquenta metros depois, onde o rio desenha um esse por causa de umas pedras, encostamos num recanto bonito, com sombra e pedras para sentar e lanchar; outro local onde é raro a gente não parar.
O trecho de rio que segue é estreito, não muito fundo, com as margens quase todas tomadas pelos típicos baixos arbustos espinhentos de calumbi. Durante nossa aventura anterior, em julho, nesse trecho de rio encontramos uma arvore atravessada de uma margem a outra e tivemos que passar por baixo dela. Dessa vez, não a encontramos. Por alguma razão, isso me fez ter um brilho de otimismo em relação as duas cercas que me preocupavam, contudo não quis pedir demais a minha boa sorte.
E assim, seguimos descendo o rio, apreciando todas suas belezas, até quando percebi estar chegando perto de ditas cercas; as ruínas de uma antiga casa de bombas destacaram-se entre a vegetação ciliar e eu tive a surpresa e a sorte de ver que as duas cercas já não estavam mais esticadas de uma margem para outra. Suponho eu que, pelo visto, um bocado de aguapé foi se acumulando nas cercas e com seu peso arrancou as estacas; arames, estacas e aguapé estavam todos juntos, encostados de um lado.
No começo, eu não quis acreditar e, por causa da fundura e da correnteza que se criam no local, logo encostei e saltei da canoa para chegar de mansinho e ver tudo direito.
Contudo, realmente a passagem estava livre e minha maior preocupação em relação ao itinerário diário esvaiu de improviso da cabeça.
Passados cem metros, fechei os olhos, abri os braços, estiquei todos os dedos das mãos e agradeci por um minuto inteiro todas as forças naturais do universo cósmico por conceder-me tanta harmonia.
Ao reabrir os olhos, vi uma grande arvore na margem, por baixo da qual dar uma bela paradinha e remando fui até lá.
Com Cabeça fomos dar uma caminhada por uma trilha toda na sombra que nos levou até três arvores gigantes, com troncos muito antigos, por baixo das quais paramos um pouco. Por outro caminho, voltamos até a margem e pela beirada voltamos à canoa. Fizemos um pequeno lanche e voltamos a remar para passar pela Estação de Bombeamento antes da parada longa das horas quentes do dia.
Realizada a breve portagem para evitar a pequena queda d'água, parei um pouco para conversar com um funcionário da estação e lhe dei um dos meus livrinhos como lembrança. Segui até outro canto, onde a gente sempre gosta de parar e amarrei bem a canoa para passar lá umas horas. Muitas arvores de médio porte garantem uma ampla área sombreada.
Pro almoço, feliz da vida, me dediquei a preparar uma bela salada, com tomate, cenoura, coentro, repolho, cebola, alho, gengibre, limão, azeite de oliva e sardinha.
Depois de comer, para não ficar com preguiça, fomos dar uma caminhada, sempre toda pela sombra. Cabeça aprecia muito essas voltinhas que a gente dá por aí; fica fuçando tudo o tempo inteiro e correndo pra cá e pra lá.
Quando deu umas três e meia, saímos remando e logo encaramos, na várzea das algas dreadlocks, um quarto de hora de vento forte contrário. Depois que o vento baixou, seguimos remando sem muita dificuldade; o rio estreitou de novo, mais uns quilômetros e passamos também pela ponte de Carnaubais, com passagem livre, mas já com um pouco de aguapé começando a acumular-se num canto.
É a partir dessa ponte, até Pendências, que o rio Assu é popularmente chamado também de rio dos Cavalos.
Seiscentos metros à frente, está o Campo I, outro local para acampar fantástico. Armado o acampamento, coloquei o jantar no fogo, troquei a roupa molhada por roupa seca, comi, deitei, pensei um pouco e dormi.

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