- Anotações previas -
12km de percurso em canoa, uma ponte, uma passagem por pedras
perigosas. Cinco cercas: um grupo de três, aproximadamente 4,5km depois
do acampamento, mais duas, distantes 200m uma da outra, 2km depois.
Saindo do acampamento, 200m depois o rio fica muito largo e bem mais
fundo (usar o colete!). Manter-se do lado direito; depois de 1km, o rio
volta a ficar estreito e menos fundo. A partir do primeiro grupo de
cercas, o rio corre ao lado da cidade de Alto do Rodrigues, sendo que o
braço principal do rio dista em média uns 400m da cidade.
800m
depois que o rio estreitar, tem as outras duas cercas. 1,5km depois
dessas cercas, o rio se abre numa lagoa larga 50m e com aproximadamente
450m de comprimento. Existe no lado direito monumental estação de
bombeamento. Manter-se no lado direito e trocar de margem só no fim
dela, para seguir o curso do rio pelo braço principal.
1km depois vem a ponte de Alto do Rodrigues, uma ponte de ferro e madeira, e logo depois (30m) as pedras perigosas.
600m depois, na margem esquerda do rio, acampamento nº 5 desta aventura, o Campo MP/K.
Clima: parcialmente nublado, max 34º min 22º
- Diário de bordo -
Acordei ainda pensando no imprevisto do dia anterior. Tomando café, fiz
uma promessa a mim mesmo: se a passagem pela ponte de Alto do Rodrigues
fosse fácil, eu pararia numa das barraquinhas que tem perto dela para
tomar uma cerveja e comemorar o fato! rss
Com Cabeça, fomos dar um
belo rolé na "mesopotâmia", emaranhado de canais e ilhotas verdejantes,
que constituem essa várzea gigante, das altas margens longínquas. Nas
águas rasas do braço principal, tomamos um demorado banho, recebendo o
bom-dia de cada passarinho e ave das redondezas.
Às oito horas,
desmontado o acampamento, com café para viagem na garrafa, saímos do
Campo J, remando devagar. Cabeça fica fungando de um lado e do outro, o
tempo inteiro, sentindo cada cheiro chegar ao seu focinho.
Depois de
uma horinha, como nosso costume, paramos por uma pausa na sombra.
Quando acordo, eu não estou com fome, mas uma hora depois sim; aí, eu
pego, dou uma parada na sombra e como umas frutas, umas castanhas; tomo
uns goles de café, que por baixo do sol sertanejo nunca fica frio mesmo.
Depois, ligo o GPS e confiro as distancias que tenho anotadas no meu
caderninho também. Planejo em que parte da jornada, mais ou menos, vai
ter a pausa longa do dia. Depois guardo tudo e pego de novo no remo.
Enquanto isso, Cabeça pode pular da canoa, dar uma voltinha por aí, encontrar um osso pra roer etc.
O dia está claro, contrastando as previsões; antes de voltar a remar,
tomei um banho refrescante, com toda a roupa. A roupa fica secando
rapidinho depois.
Pouco depois passamos pelas três cercas em
programa, duas bem perto uma da outra e a terceira algumas centenas de
metros depois. Essas foram as únicas cercas que encontramos neste dia,
contudo a expectativa era de passar por baixo de cinco cercas.
Evidentemente, as outras duas foram retiradas.
Às onze, que pra
gente é a hora de parar, avistei uma arvore à beira-rio, que parecia
estivesse lá só esperando a gente. Uma bela arvore frondosa, fazendo
sombra abundantemente por baixo dela. Encostamos a canoa sem problemas,
pois o fundo no local é só de areia.
Às vezes, eu curto também
ficar dentro da canoa, quando estamos parados num canto. Com a canoa bem
amarrada no lugar certo, me sento no fundo da canoa e uso o banco
central como mesinha. O banco de trás pode ser encosto, ou outro plano
de apoio. Tenho tudo por perto, não preciso descarregar tanta tralha da
canoa, e, quando fico com calor, coloco uma mão na água para refrescar o
corpo. Foi assim desta vez.
Um caçador apareceu num momento a certa
distancia, tirou o sapato, atravessou o rio para outra margem, calçou
de novo o sapato e seguiu andando. Mas não escutei nenhum disparos. Acho
que ele devia ser um morador da região que ficou curioso quando viu de
longe nossa canoa amarela e veio dar uma olhada um pouco mais perto.
Cabeça ficou nadando por um lado ao outro do rio, caçando porcarias para comer numa margem e vindo comer o achado na sombra.
Eu tomei mais um banho de rio, comi, li, escrevi, apreciei toda a
beleza natural do lugar, mas no fundo fiquei pensando o tempo inteiro na
ponte: será que está livre, ou obstruída?
Quando deu as duas e
meia, seguimos nossa aventura rio abaixo. Menos de uma hora depois,
navegando em águas baixas, fora uma grande lagoa que deve ser um
reservatório da cidade pela qual passamos, chegamos a avistar a ponte de
Alto do Rodrigues. Fiquei bem feliz de ver, já de longe, que a passagem
estava toda livre.
Realegrado, passei por baixo da ponte com um
sorriso desse tamanho e logo me dirigi para a margem direita, onde numa
prainha de areia tem umas barraquinhas. Hoje, como é quarta, só uma
barraca está aberta. Numa mesa três clientes, no balcão uma mulher. Pedi
marca e valor da cerveja e se tivesse algum caldinho já pronto. O
tira-gosto do dia era panelada e isso foi o que pedi, junto com uma
cerveja grande.
Antes que escolhesse uma mesa entre as muitas
disponíveis, um dos três homens sentados me chamou para sentar com
eles.Os três estavam tomando cana, beliscando peixe frito entre uma
lapada e outra. Um pedreiro com dois ajudantes que tinham já saído do
serviço. Contudo me convidaram, preferi não tomar cachaça, mas
experimentei o peixe frito. Tomei minha cerveja, compartilhei o caldinho
com o pessoal na mesa, contei que estava descendo o rio em canoa de
Assu para Pendências etc.
Antes de cogitar em pedir outra cerveja
paguei a conta e voltei a canoa. A passagem pelas pedras foi mais fácil,
vindo do lado das barracas. Bom lembrar-se disso.
Menos de 1km depois, na margem esquerda, o Campo MP/K, outro local sensacional para acampar por estas bandas.
Ultima noite de acampamento, já com gostinho de saudade. Armei a rede
num canto diferente desta vez, sabendo que não vai chover mesmo. Terei
assim uma visão melhor do amanhecer, quando acordar.
Fogão de campo no lugar de sempre. Chá de gengibre e arroz com legumes, delicia pra quem gosta.
Fiquei até altas horas (21h30) sentado na cadeirinha baixa, tomando
chá, olhando pro céu, pro rio, pra Lua... pensando, pensando, pensando.
Eu acho que nem precisa pensar tanto. Bora dormir!
Fotografia de Jack d'Emilia
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