- Anotações previas -
4 km de percurso em canoa. Uma passagem por pedras perigosas. Duas cercas,
a primeira 1 km depois do Campo I, outra 200m depois. A 3 km de
distancia do acampamento, encontra-se as ruínas de um poço, que mais
parecem uma torre; está no comecinho de um canal, depois de uma
bifurcação (pegar à direita). 400 m depois, passagem por pedras
perigosas.
Acampamento: 500 m depois, numa ilha no meio do rio, está o Campo J.
Clima: parcialmente nublado, max 34º min 22º.
Dia para curtir a natureza, sem pressa nenhuma.
Acampamento: 500 m depois, numa ilha no meio do rio, está o Campo J.
Clima: parcialmente nublado, max 34º min 22º.
Dia para curtir a natureza, sem pressa nenhuma.
- Diário de bordo -
Assim como previsto em nossos planos, o quarto dia de aventuras foi
dedicado ao descanso (mais que merecido, depois da atividade física
extra do dia anterior), a meditação e a apreciação das belezas naturais.
Para começar bem, ainda tomando meu primeiro café, sentado à beira do
rio, tive o prazer de ver passar na minha frente, nadando abaixo das
águas transparentes contra a corrente, uma tartaruga de água doce. O
povo do Vale do Assu não mata esse bicho para comer; só no caso
necessite transforma-lo em remédio natural, pois dizem que sua banha é
boa para a tosse.
Saímos do Campo 3 (MP/I) por volta das oito da
manhã. O percurso do dia é todo de águas rasas, contudo desta vez não
precisou descer da canoa para seguir à frente. A fundura do rio, apenas
um pouco maior, garante a passagem das canoas IGARUANA, que requerem só
quinze centímetros de água para deslocar-se. Assim, quando chegamos numa
ampla várzea, descemos da canoa e andamos por um pouco com a água nas
canelas, mais por costume que por necessidade.
Cabeça gosta demais de andar nessas águas rasas e correr atrás das aves, com seu forte espírito de caçadora.
Aí, eu inventei de conhecer um canal secundário no pé da margem alta
direita. As arvores maiores nessa beirada oferecem boa sombra de manhã.
Depois de uma curva, avistamos um homem tomando banho de rio, o que
será o único encontro com ser humano do dia. Antes de chegarmos com a
canoa, o homem saiu da água, dono de uma barriga gigante. Quando eu dei
bom-dia, ele logo disse "para, para! vamos conversar"; aí, eu encostei
na margem e conheci Seo Aldo, do Sítio Bom Jesus, ou algo parecido. Ele
me contou que quando aposentou-se voltou a morar no sítio onde nasceu.
Eu contei um pouco de mim, conversamos mais um pouco disso e daquilo e
eu dei um livrinho dos meus para ele de presente.
Seguimos nossa
jornada e pouco depois paramos na sombra de uma alta arvore na beirada.
Foi aquela pausa breve que a gente sempre dá, só para fazer um lanche
rápido e voltar ao remo. O canal, que descobrimos desta vez, depois de
um meandros, volta a reunir-se ao braço principal, justo antes que este
forme outra larga área alagada. De longe, identificamos o local
apropriado para passar as horas mais quentes do dia e para lá nos
dirigimos: um grupo de arvores frondosas, num rochedo, com prainha de
areia ao lado. Escolhi um bom local para ficar na sombra e, sem demora,
deitei na areia fofa.
Já sem mais biscoitos caseiros, comi uma
cenoura, uma laranja, uma maçã e um pedaço de queijo. Quando tem cheiro
de queijo no ar, Cabeça sempre está por perto.
Ficamos nesse paraíso até às três da tarde, curtindo a paz natural do lugar, praticando o "dolce-far-niente".
Saímos da várzea por outro canal secundário, mas esse já conhecido: é
aquele onde tem um antigo poço, que parece ser uma torre. No fim do
canal, a passagem pelas pedras perigosas requer todo o cuidado. Saindo
do canal já entramos em outra área alagada, formada por dezenas de
ilhotas e canais emaranhados. Numa dessas ilhotas, está localizado o
Campo MP/J, local de acampamento da quarta noite desta aventura.
Logo que aportamos, fomos dar uma caminhada para catar lenha. Com o
acampamento montado e o fogão de campo aceso, preparei um bom chá de
gengibre e depois uma gostosa sopa grossa de batata doce.
À noite,
Cabeça demonstrou toda sua competência na proteção do acampamento,
literalmente botando para correr duas vezes um cavalo curioso, que
apareceu. O equino relinchou ameaçador, mas não voltou mais.
Noite linda de lua, dormi muito bem no Campo J.
Obs. 1: não encontramos as duas cercas de arame farpado previstas pro dia; talvez foram retiradas.
0bs. 2: à noitinha, apareceram no acampamento uns mosquitos bem
miudinhos. Coloquei abundante repelente natural (que eu mesmo faço, com
cravo-da-índia e óleo de coco) nas partes expostas e pronto.
Fotografia de Jack d'Emilia
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