(O pescador Canindé reconhece a canoa de Jack, acampado por baixo de um juazeiro perto do porto de São Rafael/RN. Quando Jack se levanta e acende o fogo para fazer o café, Canindé sobe até o rancho dele carregando um pouco de açucar, sabendo que o outro não tem. Tomando o café sentados em tamboretes baixos, os dois conversam amenamente. De repente, Jack se levanta, colhe alguns frutos da arvore e pergunta para o amigo pescador)
- Você gosta de juá, Canindé?
- Gosto sim. Já comi muito juá quando era menino, meu amigo Jack. Mas, para dizer a verdade, faz muito tempo que não como mais essa frutinha. Anos e anos...
- E por qué? Ela te dá dor de barriga?
- Nada disso, compadre. Sei lá... sempre pensei que juá é fruto que quem come é passarinho e menino.
- E daí, Canindé?
- E daí que menino é menino, home é home e veio é veio. Eu sou home já no caminho de ficar veio. Faz tempo, inclusive, que não me sentava por baixo de um juazeiro para conversar com um amigo.
- Mas dentro de cada um de nos, vive aquele menino que, aparentemente, não existe mais...
- Ah! Lá vem você e sua filosofia. Tá bom! Venceu. É hoje que eu vou comer juá de novo.